Ela trocou escrever código por escrever histórias, e deu certo. Moradora de Campo Grande (MS), Mari Sales, de 39 anos, já lançou mais de 100 títulos entre infantis, relatos sobre maternidade e romances adultos, tornando-se a 3ª autora de ebooks mais lida em um serviço de assinatura digital que disponibiliza livros eletrônicos no país. Ela também tem livros físicos publicados.
Mari conta que iniciou sua carreira literária em 2016, ainda enquanto trabalhava como analista de sistemas. Dois anos depois, ao ser desligada do emprego, decidiu seguir na escrita em tempo integral.
“Eu brinco que sou uma infiltrada das exatas no meio das humanas”, diz ela, que trabalhou durante 14 anos com desenvolvimento de software e afirma ter trazido esse conhecimento para a produção literária, em um processo que uniu habilidade técnica e criatividade.
“Trouxe o Scrum, que é um framework de gerenciamento ágil, para a minha rotina. Aprendi a gerenciar meu dia, meu tempo e minhas atividades na TI e apliquei isso na escrita.”
Mari lançou seu primeiro e-book, um relato pessoal sobre a experiência de maternidade, em 2016, quando estava grávida de seu segundo filho.
“Comecei com um diário de gestante, algo que eu escrevia para mim, mas que compartilhei com outras mães. Quando percebi que era possível publicar, comecei a pensar em outras histórias e criei o primeiro romance, Valentine”, comenta.
A publicação só aconteceu mais tarde porque, segundo ela, havia um receio de expor seu trabalho. No entanto, o incentivo de amigos virtuais e o bom retorno de seus primeiros livros foram determinantes para que ela avançasse na carreira.
Desde então, Mari se dedica à escrita diária, atingindo uma média de 20 páginas por dia, sem pausas, algo que ela atribui a uma organização rigorosa do tempo.
Desafio Mari Sales
Hoje, além de escrever, ela compartilha essa experiência com outras autoras por meio do projeto Desafio Mari Sales, onde ensina técnicas de organização e produtividade.
“Quem trabalha em casa precisa de disciplina. Tendo apoio e outras autoras na mesma vibe, fica mais fácil não sair da linha”, diz ela, lembrando de mulheres que, como ela, conciliam a escrita com a maternidade, por exemplo.
Mari aponta a divulgação dos livros como um dos aspectos mais difíceis do trabalho de uma autora independente. "O escritor que se autopublica precisa saber todo o processo editorial. O que ele não sabe, contrata alguém, mas muita coisa ele mesmo faz. A publicação é a parte mais fácil; o difícil é divulgar."
Outro ponto são as críticas, especialmente no início da carreira. Mas ela conta que já aprendeu a lidar com o retorno dos leitores. “A primeira negativa está no meu coração até hoje”, brinca. “Mas ela me ensinou também, ajudou a fortalecer meus ideais, o que eu queria com a minha escrita. Hoje consigo ler uma avaliação e distinguir o que posso melhorar e o que é só a opinião do leitor.”
Sobre a recomendação para quem quer começar a escrever, Mari destaca a importância de concluir o primeiro livro.
“Escreva o primeiro livro do início ao fim, sem pensar nas consequências. Escreva como se fosse um diário, ninguém vai ler ou julgar. Chegando ao fim, você se abre para outras coisas”, diz.
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